Como prevenir a demência? Os 14 fatores de risco modificáveis 

A condição não faz parte do envelhecimento natural; veja como prevenir a demência e quais são os 14 fatores de risco que podem ser modificados ao longo da vida

A demência corresponde a um grupo de sintomas; veja como evitá-la a partir dos 14 fatores de risco modificáveis. (Imagem: Freepik)

A demência, na verdade, é um grupo de sintomas que se manifestam comprometendo funções cognitivas como, por exemplo, memória, atenção e capacidade de planejamento, impactando a funcionalidade e autonomia da pessoa. Essa é uma condição que não faz parte do envelhecimento natural e, por isso, apresenta fatores de risco que, em sua maioria, podem ser modificados. Veja abaixo como evitar a demência e quais são esses fatores

O que são fatores de risco modificáveis?

Fatores de risco são aqueles que, quando presentes na vida do paciente, aumentam a probabilidade do desenvolvimento de uma doença, mas não são uma certeza.

Para ficar mais claro, vamos pensar no tabagismo. Fumar aumenta o risco de doenças respiratórias, mas isso não significa que todo fumante terá essas doenças e nem que toda pessoa com doença respiratória foi, um dia, fumante. 

É claro que existem os fatores de risco que não são modificáveis, ou seja, estão intrínsecos na pessoa, como é o caso do envelhecimento e da genética. 

Mas, quando falamos de fatores de risco modificáveis, esses, sim, podem ser alterados, por dependerem de atitudes da própria pessoa para reduzir a chance da evolução de alguma condição. O próprio tabagismo é um fator modificável, ou seja, ao escolher não fumar, a pessoa consegue reduzir o risco de doenças respiratórias. 

Mas como prevenir a demência e quais são os seus fatores de risco modificáveis?

Quando o assunto é demência, existem 14 fatores de risco comprovados cientificamente. Eles são divididos pelas fases da vida (infância, vida adulta e vida tardia) e correspondem por cerca de 45% dos casos de demência em todo o mundo

A boa notícia é que esses 14 fatores são modificáveis, o que significa que há uma grande probabilidade de prevenir o desenvolvimento da demência antes mesmo dos seus primeiros sinais. 

👉 Veja também: Quais são os tipos de demência? 

São esses os fatores modificáveis que ajudam a evitar a demência:

Infância

1- Qualidade da educação

Estudos evidenciam que a baixa qualidade da educação da primeira infância pode comprometer a reserva cognitiva, aumentando o risco de demência. Uma vez que a educação de qualidade seja aplicada e incentivada desde os primeiros anos de vida, maiores são as chances de diminuir os casos.

Vida adulta

2- Perda auditiva 

A perda auditiva, tanto central quanto periférica, também é um fator de risco. Os cuidados com esse problema de saúde, bem como o uso de aparelhos auditivos, pode reduzir as chances de demência.

Vale destacar que é mais difícil de perceber o início de algum problema auditivo. Então, diante de qualquer sinal, é preciso procurar ajuda médica com urgência.

3- Traumatismo craniano

Pesquisas apontam que traumatismos cranianos (TCEs) como os causados por acidentes automobilísticos e esportes de alto impacto, como no box, causam lesões nas estruturas cerebrais e perda de neurônios.

Vale ressaltar que quanto mais TCEs a pessoa tiver, de forma recorrente, maiores são as chances de demência. Portanto, a orientação aqui é sempre proteger a cabeça, por exemplo, com capacetes quando houver riscos de exposição.

4- Obesidade

Principalmente na vida adulta, a obesidade aumenta os riscos de demência. Estudos também vêm mostrando que mesmo a obesidade isolada aumenta neuroinflamação e o risco de demência.

5- Tabagismo

Voltamos aqui ao tabagismo. Esse também é um fator de risco modificável da demência, além de estar associado a doenças cardíacas e câncer. O ato de parar de fumar melhora a saúde geral, em especial a do coração e a do cérebro.

6- Depressão

A depressão pode mudar o comportamento e a saúde do corpo, uma vez que aumenta o risco de pressão alta, desencadeia o consumo excessivo de álcool, gera noites mal dormidas, além de intensificar o sedentarismo e o isolamento social. E tudo isso se configura como fatores de risco para a demência.

Por isso, reforço aqui a importância de olhar com carinho para essa condição e sempre buscar a ajuda necessária.

7- Pressão alta

A pressão alta é uma condição que afeta mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, se tornando um fator de risco alto quando não é devidamente controlada. Ela causa o endurecimento dos vasos sanguíneos, o que dificulta o transporte de oxigênio e nutrientes para o cérebro, aumentando, assim, as chances de demência.

8- Diabetes Tipo 2

Pesquisas apontam que pessoas com diabetes tipo 2 não controlada podem desenvolver com mais facilidade a demência porque a condição: 

  • pode causar danos às artérias e vasos sanguíneos, incluindo os do cérebro;
  • prejudica a resposta das células cerebrais em relação à insulina;

9- Consumo excessivo de álcool

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode prejudicar a saúde do cérebro, uma vez que causa a morte das células e promove o encolhimento de sua estrutura. Isso gera um aumento não somente do risco de demência, mas também de câncer, derrame, doenças hepáticas e cardíacas.

10- Colesterol alto

O colesterol chamado de LDL quando elevado, principalmente na meia-idade, aumenta o risco de demência. Lembre-se de que, consumir alimentos gordurosos, fumar, e ingerir bebidas alcoólicas são algumas atitudes que ajudam a manter elevado o colesterol LDL.

11- Sedentarismo

O sedentarismo nunca foi bom, principalmente por ser um fator de risco para diversas doenças. A prática de atividade física regular já foi, comprovadamente, associada à melhora da saúde do cérebro, auxiliando na memória e no pensamento.

Além disso, melhora a circulação sanguínea, reduz a neuroinflamação e favorece a produção de neurônios, sendo esse um grande fator de proteção das demências.

Vida tardia

12- Perda de visão não corrigida

Deficiência visual não tratada e causada, principalmente, por catarata e retinopatia diabética, são as que trazem o maior risco de demência aos pacientes.  Por isso, é importante visitar o médico oftalmologista com regularidade e seguir os tratamentos corretamente. 

13 – Isolamento social

As relações sociais são essenciais por diversos fatores: bem-estar, humor, saúde mental e saúde cerebral. Passar mais tempo com outras pessoas nos mantêm ativos, assim como o nosso cérebro. Isso não só previne a demência, como a depressão e favorece um estilo de vida mais saudável.

14- Poluição do ar

Por fim, temos como fator modificável a poluição do ar. A emissão de gases e partículas poluentes prejudicam o nosso cérebro e os vasos sanguíneos, e isso associa-se ao aumento de risco de demência e de doenças cardíacas.

O que tudo isso nos mostra?

Tudo isso nos permite entender que a prevenção da demência começa desde a infância. São pequenas atitudes e escolhas que podem garantir uma vida tardia com mais qualidade, saúde e segurança.

A cura ainda não existe, mas a proteção e a prevenção são possíveis e devem ser iniciadas agora. Pense nisso!

Leia mais: Como promover a autonomia da pessoa com demência?

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