“Cuidar de quem cuida também é necessário”; entenda o impacto da saúde do cuidador no tratamento dos pacientes

Nos tratamentos de pessoas com doenças neurológicas, é normal o foco cair, especialmente, no paciente. É ele que precisa de atenção e cuidados naquele momento. Mas outra pessoa também precisa de suporte e auxílio sempre que necessário: o cuidador, seja uma pessoa contratada para isso, ou um familiar, como o cônjuge ou os filhos que se dividem nesse papel. Por isso, entenda, neste texto, a importância da saúde do cuidador e como garantir o bem-estar de quem está ali para ajudar. Vamos lá?
O impacto da saúde do cuidador na vida do paciente neurológico
“O cuidador também precisa de cuidados.” Essa é uma frase que sempre falamos na neurologia porque é o que sempre tentamos alertar os familiares, amigos e os cuidadores ligados diretamente a um paciente com doença de Parkinson ou Alzheimer, por exemplo. Isso porque a saúde do cuidador afeta diretamente a qualidade do cuidado oferecido. E quando falamos de cuidados, nos referimos ao físico, mental e emocional.
Quando nos deparamos com um cuidador sobrecarregado, com altos sinais de estresse e esgotamento, conseguimos perceber uma queda na qualidade dos cuidados. Erros acabam sendo mais comuns pela falta de disposição com as demandas diárias que um tratamento exige.
Em contrapartida, um cuidador bem, física e emocionalmente, tem mais disposição, paciência e atenção para exercer a sua função. Isso proporciona um ambiente mais humano, leve e tranquilo, além de uma maior adesão ao tratamento que passa a ser mais seguro e acolhedor para quem está sendo cuidado.
É por isso que cuidar de quem cuida é necessário, uma vez que a presença de um cuidador estável e bem orientado pode ser um dos fatores determinantes para a estabilidade e bem-estar de um paciente neurológico.

Como o cuidador pode manter a saúde em dia?
Pensando nos cuidados físicos necessários, eles acabam sendo os mesmos indicados para qualquer pessoa. No entanto, no caso dos cuidadores, a atenção precisa ser redobrada:
Alimentação saudável e equilibrada
A dieta mediterrânea é uma excelente opção benéfica para o corpo todo, mas, principalmente, para o cérebro e o coração. Para isso, prefira consumir pouca carne vermelha, grãos integrais, frutas, nozes, peixes, azeite e qualquer alimento que tenha gorduras saudáveis.
Atividades físicas
Manter uma rotina de exercícios físicos te afasta por um momento daquele ambiente cotidiano de cuidados, além de contribuir para a redução do estresse, prevenir doenças e promover uma deliciosa sensação de bem-estar. Se a atividade física não é recorrente em sua vida, comece aos poucos, com algo leve e, de preferência, que seja prazeroso.
Uma ótima forma de se manter ativo é realizando atividades com o próprio paciente, como passeios ao ar livre, exercícios em casa ou até mesmo dança. O importante é não ficar parado.
Acompanhamento médico regular
Outra maneira de manter a saúde do corpo em dia é não deixando as consultas médicas de lado. O paciente sempre terá os próprios acompanhamentos, mas o cuidador também precisa seguir esse caminho.
Por isso, visite regularmente o seu médico e atente-se aos sinais do seu corpo. O corpo sempre dá indícios, então, não ignore nenhum sintoma novo que tiver, combinado?
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Agora, falando sobre os cuidados com o lado emocional e mental do cuidador, aí vão mais algumas dicas para garantir a saúde:
- Mantenha um acompanhamento psicológico. Ele é fundamental principalmente com a sobrecarga que o tratamento pode trazer;
- Foco na realidade, entendendo que nem tudo está no seu controle;
- Valorize o seu trabalho, tendo a certeza de que o melhor está sendo feito e não jogando uma carga de culpa sobre si;
- Esteja preparado para as mudanças que uma doença pode trazer e entenda que ajudas são necessárias;
- Por falar em ajuda, não hesite em aceitá-las e esteja aberto a solicitar auxílio;
- Por fim, faça pausas para manter a mente sempre equilibrada.
Precisamos lembrar que o cuidador é uma parte fundamental do processo de recuperação e isso se aplica não somente na neurologia, mas em qualquer condição. Por isso, cuidar da saúde do cuidador é, também, cuidar da saúde do paciente.